Escrever. Tenho Que Tentar,

12:46

Dia-a-dia cansativo, com a mesma rotina de sempre: idas e vindas de vários processos, risos superficiais, amizades perecíveis. Apenas a sombra do cotidiano que havia previsto para si, quando era mais jovem, quando ousava ter planos e ainda conseguia sonhar todas as noites.
Reconhecimento é a única coisa que espera agora. Doa a vida, doa sua saúde, doa as tardes de descanso que poderia ter às vezes. Doa sua liberdade, seus méritos e sua família. Entrega todos seus pontos na busca de ser alguém, na vontade de ter algo, no desejo de um espaço ao Sol.

Com seus planos de ir um passo de cada vez, só enxerga o que não pode ter. Baseia sua felicidade no que ainda não conseguiu comprar - sem reparar que, nessas, perde o que não pode ser comercializado. Esqueceu-se das raízes, esqueceu-se das ideologias: hoje, vive a favor do sistema.

Olhando de cima, talvez consiga visualizar as pontas do quanto se tornou sensivelmente insensível: com os outros até se emociona, para si, apenas o espaço vazio de onde estariam os sentimentos. O brilho de seu olhar já se extingue, sua alma envelheceu em meio às repartições e ainda não se deu conta.


Ri sem reparar. Vive por existir.    

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