12/06/2010

12:06

 as duas estavam estava só brigando. então aumentou, acabou que terminaram. ela estava só chorando, eram 3 da manhã e todos dormiam. não estava atrapalhando ninguém, nem se queixando de ninguém: estava apenas no seu msn cotidiano, com várias janelas abertas.


então seu pai desce, a vê no computador e começa com a mesma ladainha de sempre. só que, desta vez, ela não estava com ânimo para negar, para criar mentiras ou simplesmente abaixar a cabeça e aguentar. nesta vez, ela retrucou.


"-já tá falando com essa guria de novo? não dá para entender que eu não quero você de rolo com essa guria de novo?"


"-ah pai, não enche." desliga o computador, vai subindo as escadas. ainda chora, mas tudo bem, afinal ninguém  por ali se importa mesmo se ela estaria triste. mas desta vez ele não a deixa subir. vai atrás dela, falando que essa putaria era uma afronta. fala que ela envergonhava sua família. eles não sabiam, mas ela já "estava de rolo com essa guria de novo" a nada mais que dez meses - e, a 10 minutos, não estava mais.


os berros acordam a mãe, que também se enfurece com a pauta discutida. ela entra no quarto, os dois a seguem. ela não nega, resolve por para fora tudo o que guardava a três anos: mentiras, ter que fingir ser alguém que não se é, de ter que esconder quem se ama por que senão "a igreja iria comentar". (igreja, hunf - como se fossem santos desde sempre, como se desde sempre se importassem com o que os outros iriam pensar.)


a briga aumenta. ela apanha: machucam seu corpo, distorcem seu rosto, distribuem hematomas nas costas, nas pernas, nos braços, nos ombros. mas nada pior do que saber que, com isso, esmagam seu coração. a jogam no chão e, como se fosse um filme, ela se se vê como saco de pancadas das pessoas que deveriam a proteger do mundo, de tudo.

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