Incansável busca pelo saber raso

06:13


Eu acredito que tudo é uma questão de esforço, tudo pode ser melhorado com a quantidade de “horas empenhadas” que desprendemos seja pra lá o que for o intento. Por exemplo, ao escrever a primeira oração desta frase, pensei em várias formas de reeditá-la: “acredito que tudo é uma questão de esforço” – o verbo já está conjugado, fica subentendido o sujeito da frase (no português). Mas depois melhorei um pouco mais para “tudo é uma questão de esforço” – pois, se escrevo uma frase sem citar outras pessoas, falo minha opinião sobre o tema, logo, não preciso colocar na frase “eu acredito”, “eu creio” ou o pior, “eu acho”.

No parágrafo anterior demonstrei que o meu esforço, minhas “horas empenhadas” estudando como escrever bem efetivamente me faz melhorar minha redação. Conforme falam tanto na faculdade, ‘escrever é cortar palavras’. Mas não é simples assim, tenho que cortá-las mantenho o significado das frases. São os pequenos macetes que aprendi durante meus estudos e que, estranhamente, sempre recordo fácil – ao contrário de vários outros ensinamentos que nunca lembro, e que talvez fossem mais úteis no meu dia-a-dia. Afinal, a vida não é feita só de macetes.

Tenho muito que aprender ainda, mas algumas coisas precisam ser prioridade, o que assumo não ter ânimo para fazer - nos últimos dois anos, no mínimo. Por exemplo, preciso urgentemente continuar investindo horas no meu ensino de português e inglês, aprender a conduzir carro/moto para situações de emergência, e fazer algumas sessões de fonoaudiologia. Sei que preciso investir nestas áreas, mas quando começo a estudar e procurar a respeito, me saboto e nunca chego ao fim.

É difícil falar sobre isso, pois se trata de algo muito particular e eu considero uma característica vergonhosa. Demorei anos para assumir a mim mesma – e agora publicamente por meio desta postagem- que, se eu aprendo uma pequena parte do que preciso sobre qualquer tema, se me envolvo mesmo que rapidamente em algo, já me satisfaço e deixo de lado, mesmo querendo continuar.

Exemplificando: tenho esse blog e meu intento inicial era postar pelo menos uma vez por semana. Escrevo, publico e fico feliz, prometo para mim mesma que continuarei com frequência, mas, quando vejo, já se passaram dois meses e nada fiz a respeito. Isso é muito frustrante e me faz mal.

Assumir esse meu defeito deve ser parte da solução, pois agora tenho um princípio, um porto, que me serve de base: a Bárbara-antiga, que não se empenha em nada direito e que tinha resultados meia boca sempre e a Bárbara-nova, que quer melhorar como ser humano, a que quer crescer e adquirir raízes sólidas de conhecimento, digamos assim.

Quando escrevi o título desta postagem acabei por resumir com exatidão o que queria dizer – e sim, é difícil fazer títulos tão certeiros assim, quem escreve sabe. Talvez mais amadurecida depois de levar pancadas na cabeça durante 22 anos, hoje posso assumir que realmente estudei pelo raso, que peguei os atalhos mais fáceis e agora me sinto sem nada em profundidade.

Sim, eu, que sempre argumentei tão bem e acabava por influenciar quem estava por perto, acabo por me sentir burra por não conseguir interpretar textos mais acadêmicos. Burra por não conhecer nenhum princípio de qualquer teoria sobre qualquer tema. Me sinto burra muitas vezes, muitas vezes e todos os dias. E, com isso, me sinto inútil, surfando no ápice do “só sei que nada sei” socrático.

Esta semana conclui que estou cinco anos atrasada na minha vida e dói falar isso. Perceber que deveria fazer todo o ensino médio novamente, no mínimo, é vergonhoso. Não aprendi o básico do que me foi passado, não dei atenção para o que era de fato importante e não conclui muitos dos livros que me deram para estudar. Sim, me DERAM, e eu não ESTUDEI. De graça.

E, ao assumir tudo isso, me resta duas opções agora: manter meu posicionamento antigo ou mudar. E quero mudar, preciso mudar urgentemente! Estou como o peixe que sai da água e se rebate querendo voltar à ela, me afogando, morrendo em dúvidas. Será que tudo o que fiz foi tão errado assim, ou agora comecei a ser exigente demais?

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